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6 de novembro de 2014

A AÇÃO DOCENTE, IDEAIS E IDEIAS EM CONFLITOS E VIOLÊNCIAS




VISTA ESSA IDEIA BRASIL!

               O presente artigo tem por finalidade estabelecer uma relação entre os textos apresentados para realização da proposta dissertativa referente aos textos disponíveis no AVA da Universidade Metropolitana de Santos (UNIMES VIRTUAL): “Os saberes e o fazer pedagógico”, “Interação escola e comunidade”, “A violência escolar e a crise da autoridade docente”, consoante ás observações presenciadas unidade escolar onde realizamos o estágio do Curso de Pedagogia – Graduação, referente ao quinto semestre de 2014.

              O primeiro texto refere-se á abordagem sobre saber-fazer docente como tema de interesse dos educadores sobre diferentes olhares. O segundo texto têm como relevância propostas e ações de intercâmbio, entre a escola e a comunidade, como a criação de bancos de dados socioculturais e o derradeiro procura retratar e discutir a relação entre os conceitos de violência no contexto escolar e, particularmente, na relação professor-aluno.

             Em nosso olhar e observação docente presenciamos que os textos interagem no contexto da sala de aula porque o ofício de mestre tem passado por uma crise latente de autoridade pedagógica por meio de uma nova vertente advinda com o acesso das massas ao uso dos recursos da tecnologia da informação, em especial destaque para os celulares.

             Essa nova corrente da prática do “sell-fismo” ou se preferirem, outro termo que também define esse período de nossa história da Educação; “narcisismo”, onde as pessoas estão cada vez mais preocupadas com a autoimagem e a ostentação da imagem compartilhada ás redes sociais.
             Nesse sentido podemos dizer que a comunidade está conectada á unidade escolar pelas mensagens postadas na internet pelos filhos, uma vez que imagens e pequenos textos da internetês trefegam, e se cruzam por meio de diferentes conexões via celulares em sala de aula via- de- regra quando pais são solicitados para comparecerem a unidade escolar porque seus filhos infringiram uma das normas regimentais do Projeto Pedagógico Escolar.

             Dessa forma entendemos que o intercâmbio não apresenta um sentido necessariamente produtivo ao compartilhamento de ações que visem o aprimoramento das necessidades de auxílio aos professores e a comunidade escolar, uma vez que os assuntos estão mais relacionados com a infração dos alunos do que na integração desses pais em projetos que necessitem de parcerias.  

             As observações que mais se destacaram referente ao texto “Os saberes e o fazer pedagógico”. Nesse aspecto podemos observar que ainda há professores que praticam o método da escola tradicional com algumas adaptações, contudo observamos que os alunos das classes onde as professoras mais antigas de profissão, aplicavam o método tradicional (com adaptações ás séries e disciplinas); uma maior concentração dos alunos, maior questionamento de fatos, desenvoltura melhor na escrita e oralidade, e, sobretudo a questão da indisciplina era bem menor que as outras salas de aula onde os professores aplicavam somente as práticas do construtivismo.

               Notamos também, nas salas de aula, onde os professores aplicavam metodologias mais recentes (como praticas puramente construtivistas), outras formas de comportamento, tais como: apatia e passividade por parte de alguns alunos, em relação ás verdades apresentadas pelos professores, ou se ocorria algum questionamento, era devido ao fato da incompatibilidade do querer ensinar (professor) e a não identificação, e desejo de aprender práticas pedagógicas que eram rejeitadas pelos alunos, como a um exemplo destacamos: aulas expositivas, ou atividades em grupo eram consideradas, “matar aula”, segundo fala dos mais rebeldes, por conseguinte esses confrontos geravam indisciplina.

                Nessas classes onde as professoras utilizavam práticas pedagógicas ancoradas no construtivismo constatamos as abordagens referentes ao texto: “A violência escolar e a crise da autoridade docente” os problemas de indisciplina, a crise de identidade da escola, a falta de preparo psicológico e emocional de alguns professores em lidar com essa nova clientela interconectada, sem noções de respeito, ética, valores, e princípios, onde notamos o desrespeito de alunos para com os professores.

                 Segundo JULIO GROPPA AQUINO um dos maiores problemas enfrentados no interior da sala tem relação imediata com essa descrença na eficácia da intervenção escolar e da atuação do educador, o que afeta também questões sociais mais amplas, uma vez que é por meio da escola que se busca formar cidadãos, algo difícil de efetivar porque quanto menor for à escolaridade das pessoas, menores também serão as chances de acesso ás oportunidades que a cultura da modernidade oferece, e, às exigências que ela impõe.

O autor propõe uma visão descentralizadora, na qual a escola não somente reproduz a violência exterior a ela, mas também produz sua própria violência e disciplina no cotidiano escolar.  

                 Em linhas gerais ele explica que esses fenômenos são consoantes a três seguimentos da História da Educação: Fator histórico (dogmas e centralização do conhecimento), o psicológico (o fenômeno caracterizado pela “Cultura do não”), tendo como principal referencial a crise de autoridade dos pais sobre os filhos (onde os limites devem ser construídos a cada dia nas etapas de aprendizagem da criança), e com isso, essa inversão de valores, a questão da responsabilidade de ensinar princípios básicos de boas maneiras, higiene, e o cuidar dos objetos pessoais, transferiu-se ás escolas e aos docentes.

                Ainda nessa perspectiva de transgressão, AQUINO (1996), aponta que o terceiro fator que influencia o presente fenômeno encontra-se apoiado principalmente nas relações interpessoais e ás práticas pedagógicas e metodologias utilizadas pelos docentes, pois sabemos que esse fator é fundamental para que haja o pleno domínio da aprendizagem alicerçada nos diálogos e interação professor-aluno.

               Presenciamos também, como propõe o autor, contratos de sala de aula e os acordos á aprendizagem conforme a relação entre docentes e discentes, a existência de projetos pedagógicos interdisciplinares dedicados a restabelecer ao pleno exercício da cidadania e a ordem, em continuidade de assuntos trabalhados com esses alunos (a grande maioria deles ainda em fase de início da adolescência), e por mais que os professores e coordenadores pedagógicos trabalhassem a questão da indisciplina, valores, educação, as formas de utilização das palavras para cada situação, e pessoas do discurso, em diferentes locais sociais; uma vez que esses fatos eram muito recorrentes.

                Essas formas de agressividade eram constantes e de tal forma que muitas vezes elas perpassavam os limites dos muros da escola, o que consequentemente obrigava a direção tomar atitudes mais drásticas para conter os focos de compartilhamentos em redes sociais para promover a revanche.

            Com relação às práticas pedagógicas na escola percebemos pleno domínio dos assuntos referentes aos temas transversais, e os conteúdos a serem explanados aos alunos em sala de aula (embora muitos não conseguissem emitir os conhecimentos desejados), conforme constatamos nos registros da agenda semanal, os quais eram planejados e apontados em horário de atividades conjugados entre professor coordenador, diretor e professores.

           Dessa forma podemos dizer que não notamos aparentemente, a falta de competências e habilidades dos professores para administração e condução da aula proposta, segundo o currículo. No entanto ficou evidente a necessidade de técnicas de aperfeiçoamento na formação continuada dos docentes (no que se refere ás metodologias inovadoras) que venham atender essa nova clientela de alunos da era da tecnologia e conexão interligada, pois notamos que existe uma ausência de conexão entre as propostas dos docentes e as necessidades de aprendizagens dos alunos.

            Por muitas vezes pudemos observar que a professora do Projeto de Apoio a Continuidade da Aprendizagem, ou Reforço Escolar, verificar se alguns alunos com dificuldades de aprendizagens pudessem sair da aula do professor regente, e acompanhassem a mesma em direção a outro seguimento de aprendizagens.

          Outro ponto relevante á guisa das observações pontuadas podemos incluir que a maioria dos professores pratica o hábito de aplicação de tarefas para casa, ou lição de casa, onde pais assinam a ciência da solicitação das lições, efetuadas e não efetuadas pelos filhos, e acompanhamento das correções pelos professores, sem contar que a avaliação da aprendizagem (também contempla esse item como referência ao cálculo da menção bimestral final).

           Explanando um pouco mais sobre o Currículo e a intertextualidade como ponte de interligação ás demais disciplinas e aplicação das normas regimentais previstas nos artigos dos Parâmetros Curriculares Nacional e o RCNEIS, nem sempre são aplicadas na íntegra, prevalecendo ainda, a velha prática usual do currículo livre na prática docente, divergente da teoria, pois conforme vimos nos “PCNS“:

Existem diferentes modelos de composição curricular, mas os Parâmetros Curriculares Nacionais indicam que os modelos dominantes na escola brasileira, multidisciplinar e pluridisciplinar, são marcados por uma forte fragmentação, devem ser substituídos com urgência por uma perspectiva interdisciplinar e transdisciplinar que venha contemplar atividades de suma importância á construção da consciência, ética, moral, cívica, crítica e política dos alunos em todas as etapas da formação do aluno desse século”.


                  
               Em contra partida defendemos a ideia de que o aluno é um ser único e como único, única é a forma de aprendizagem que cada um deles absorverá o conhecimento, pois a questão da aprendizagem dos estudantes no ambiente escolar, não se restringe aos aspectos formais materializados no currículo institucional ou formal, pois não há neutralidade no processo de ensino e aprendizagem visto que, o processo educacional é complexo e diferente em cada organização de ensino que têm seu próprio currículo oculto a partir de sua contingência (GONÇALVES, 2002).


               Na perspectiva de TARDIFF (2004; 2011) os saberes experienciais dos professores são resultado de um processo de construção individual, mas, ao mesmo tempo, são compartilhados e legitimados por meio de processos de socialização profissional. Olhando por esse prisma, a interação entre os professores desencadearia um processo de valorização e de reconhecimento desses saberes como saberes de uma classe e não de um profissional em específico.


                Nesse sentido percebe-se que ainda estamos longe de transformar as práticas contidas nas teorias em relação ás práticas do contexto escolar, pois ainda existem muitas divergências consoante ás metodologias utilizadas por muitos professores para efetivamente ensinar nossos alunos dentro de sala de aula, construindo-se um Currículo Paralelo ao Oficial, ou parcial, dizendo de outra forma.


           “Contudo percebemos que a concentração das preocupações dos gestores e docentes é extremamente relevante no sentido de que os alunos atinjam de forma plenamente satisfatória os objetivos elencados no Currículo e Projeto Pedagógico”. (grifo meu)

           Os professores contam com apoio á metodologia, uma biblioteca com um bom acervo literário, didáticos e de formação, sala de informática, sala de eventos destinados ao protagonismo juvenil, recursos pedagógicos para diversas disciplinas e, uma ampla quadra de esportes (coberta), todos reservados com antecedência pelos professores ao coordenador pedagógico.

           Presenciamos fatos relevantes que confirmam as grandes dificuldades em lidar com o ser humano, e as relações interpessoais permanecem (em muitos casos) iguais a uma ponte intransponível, de valores e crenças vinculadas aos tempos da escola Tradicional, onde podemos citar ainda, fortes recorrências de abuso de autoridade, repressão á aprendizagem interlocutora e formadora do pensamento crítico, contrapondo-se a crise de autoridade docente enquanto práxis pedagógicas que abordam o aluno como transgressor da aprendizagem.

             A ideia da sala de aula como projeto constante de aprendizagem e a interação como fonte primordial de ascender aos objetivos propostos no Currículo Escolar ainda é um prática distante da realidade da Escola Atual, porque percebemos apenas a existência de pequenas correntes de professores que trabalham com a sala de aula como possibilidades lineares de disposições a um grande laboratório de observação e exploração das práticas de aquisição do pleno letramento (leitura, interpretação, e escrita).

            Julgamos interessante relatar a harmonia entre os alunos e a música, pois as atividades realizadas pelos professores partindo do viés da música têm produzido um efeito positivo excelente na relação com as propostas dos planos de aulas construídos a partir de músicas que são contextualizadas dentro do conteúdo a ser ensinado, e as competências e habilidades contidas no Projeto Pedagógico e Currículo Escolar.

            As abordagens sobre a avaliação enquanto processo de construção e ampliação do conhecimento pode ser observada parcialmente, pois como já relatamos as visitas dos pais e comunidade escolar na escola não acontece de forma a conferir relevância no sentido de cumplicidade e auxiliares no processo de ensino-aprendizagem dos educandos, uma vez que poucos se dedicam a participarem desse colegiado (APM Conselho de Classe e Séries), dentre outros, tais como a um exemplo: a construção do Projeto Pedagógico Anual da Escola.

             Discorrendo sobre a avaliação e sua importância tanto para o aluno quanto ao professor, verificamos que a escola conta com impressora para as cópias de avaliações da Semana de Provas, onde cada professor elabora sua avaliação de acordo com os objetivos esperados e elencados tanto no Currículo, quanto ao Projeto Pedagógico. As avaliações são construídas com base nos propósitos da avaliação do SARESP contendo questões de múltipla escolha primeira parte e na segunda parte avaliações de cunho autoral cujas questões são direcionadas a observação do progresso textual e crítico dos alunos.

           As avaliações também ocorrerem de maneira fragmentada, e em algumas disciplinas, as mesmas não são contextualizadas com as propostas, aferidas e registradas em ata, conforme o consenso durante os encontros compartilhados, reuniões pedagógicas, e em horários de ATPC, onde a Equipe gestora elencava as informações e habilidades contempladas em cada série, e áreas do conhecimento de forma contextualizada e intertextual, identificando cada item das competências e habilidades vinculado ás avaliações externas: SARESP, A PROVA BRASIL, OLÍMPIADAS DE MATEMÁTICA E PORTUGUÊS, E ETECs.

             Caminhando nesse sentido, acreditamos de extrema relevância suscitar um censo acerca do perfil e formação dos docentes que atuam nas escolas, principalmente, as escolas públicas, visando encontrar formas para motivar os mesmos para a autoformação e capacitação sobre os preceitos básicos e o papel do educador como formador de opiniões, por entendermos que essas questões são fundamentais a práxis educacional.

            Entendemos esse fator como medida emergencial, uma vez que muitos dos professores estão afastados por problemas de saúde, ou então estão fora de suas atividades docentes (readaptados), e inclusive porque tais prerrogativas elucidam a urgência (mais que imediata) da necessidade de encontrarmos estratégias de capacitação aos profissionais que atuam na docência sem os Prévios Conhecimentos necessários os quais são extremamente essenciais na formação do educador (CARVALHO, 2007).

           Nossas preocupações se concentram nas observações dos casos de inclusão, pois segundo o assinalado no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil “cuidar da criança é, sobretudo, dar atenção a ela como pessoa que está num contínuo crescimento e desenvolvimento, compreendendo sua singularidade, identificando e respondendo às suas necessidades”. (RCNEI, 1998:25)

           Trata-se da criação de um vínculo entre crianças e professores, entre quem cuida e quem é cuidado. E acima de tudo, proporcionar momentos para considerar o desenvolvimento das capacidades e habilidades da criança, na expectativa de que esta se torne cada vez mais independente, mais autônoma. (RCNEI, 1998).

              Em relação a essa questão percebemos que a escola não está em condições plenamente adequadas á recepção desses alunos, porque alunos com perda da locomoção (cadeirantes) permanecem no alocados no primeiro andar do prédio, sem acesso aos demais espaços da escola, principalmente aos recursos pedagógicos, pois a logística escolar não nos parece entender que há extrema urgência em construir caminhos alternativos para superação desse problema, uma vez que a escola não consegue atender essa clientela que demanda maiores cuidados.

          Desse modo percebemos que embora os alunos de inclusão não sejam muitos casos, verificamos a necessidade de ampliação dos recursos humanos para proporcionar a esse público, condições a fim de garantir que a criança tenha ainda condições de se desenvolver e ampliar suas habilidades e aos poucos, vá tomando consciência de sua capacidade em busca da autonomia, tornando-se cada vez mais independente. (RCNEI, 1998)
               Por outro lado a escola conta com o auxílio de parcerias com órgãos privados que atendem algumas dessas necessidades principalmente aos finais de semana onde acontecem atividades ligadas ao lazer, á saúde, artesanato, pintura, corte e costura, manicure e pedicuro, reforço escolar, capoeira, futebol, sala de jogos, dança destinada a terceira idade, e cursos de pequena duração oferecidos pelos bolsistas do Programa Escola da Família, coordenados pela equipe gestora e um docente eleito para essa função por processo de seleção advindos da Secretaria de Educação d São Paulo via Delegacia de Ensino Guarulhos Norte- São Paulo. Nesse quesito a escola conta com uma quantidade expressiva de moradores (pais e filhos), e demais membros da comunidade.

                                  








CONSIDERAÇÕES FINAIS

            Analisando o perfil da unidade escolar entendemos que os esforços são relevantes á aquisição do conhecimento a todos os membros da comunidade escolar, e inclusive aos alunos com dificuldades de aprendizagens e assiduidade, aonde os responsáveis são convocados a comparecer a escola, e são notificados da situação de aprendizagem dos filhos, bem como orientações de procedimentos a serem tomados e retomados dia a dia em casa com os alunos com vistas á melhoria da aprendizagem dos mesmos.

           Refletindo sobre a relação escola e comunidade, percebemos que a frequência da participação dos pais é mínima, é isso não é o histórico da escola em questão (que por razões particulares não nos foi autorizado publicação do nome) de hoje que isso ocorre, há muito tempo essa relação têm perdido o foco da responsabilidade e real compromisso dos responsáveis como aliados á escola para contribuir em parceria com os professores e equipe gestora.

          Acreditamos que se de um lado os pais pouco participam das atividades da escola de seus filhos, a escola também parece não querer efetivamente na prática a presença constante de pais no ambiente escolar (ficando apenas na teoria e registros de livros de visitação dos Supervisores de Ensino). Segundo MORAN (1998, p.82), com uma educação mais aberta, integradora, a sociedade avançará muito em gestão de soluções positivas nos diferentes níveis, e experimentará resultados mais eficientes para conseguir aprender e comunicar-se num diálogo muito mais produtivo, do que negativo, desde que esse espaço, seja planejado e pensado, organizado, e gerenciado pela equipe gestora e seus pares.

            Assim sendo, as possibilidades da gestão com parceria de uma comunidade muito mais participativa (mais positiva que negativa), focando mais nas prioridades, do que nas deficiências, refletindo muito mais nas qualidades/ possibilidade da parceria, que nos defeitos, ou seja: uma gestão preocupada em valorizar a participação dos pais (responsáveis), incentivando-os e motivando-os, não só aos pais (responsáveis), mas também, toda comunidade docente e discente, na distribuição de tarefas do contexto burocrático e pedagógico da instituição escolar, e sua complexidade.

          Dessa forma entendemos que tais prerrogativas elencadas nas abordagens dos três textos solicitados a essa discussão são muito relevantes e vão de encontro ás necessidades e dificuldades apresentadas pela maioria das escolas públicas, que se encontram imbricadas no tradicionalismo da escola do século passado, não levando em consideração que; os tempos mudaram; a família, e a noção de valores não são mais os mesmos, os interesses são outros, as preocupações também são outras, mas e a escola?  O que efetivamente mudamos em termos de Educação para a vida e para a cidadania?  Será que estamos oferecendo aos nossos alunos o que eles vêm em busca na escola? Nossas práticas e pedagogias são coerentes com as aprendizagens externas aos muros da escola? As relações e discussões sobre os fatores sociais e políticos estão sendo postos em pauta com os alunos, e comunidade escolar/ população?

               A partir dessas reflexões sobre os três textos apresentados á leitura e embasamento ás nossas argumentações, concordamos, com a perspectiva defendida pelos três autores objetos dessa análise e contextualização com as práticas pedagógicas observadas em nosso estágio, e a visão dos autores sobre o fazer docente. “Produzem conhecimentos, saberes, práticas, normas de conduta, formas de ser e de fazer. Dão sentido às experiências advindas do exercício de sua profissão e à convivência com os outros que fazem parte do seu cotidiano de trabalho”.

              Essa visão a respeito da profissão docente e dos professores é de extrema importância para que se possam traçar novas diretrizes para as pesquisas sobre os professores. É uma visão que exige uma abordagem metodológica que vá além da análise da estrutura dos sistemas de ensino, das instituições e normas que regem o trabalho dos professores, dos agentes externos que interferem na sua prática, dos fatores sociais e globais que possibilitam aos docentes a recriação de novas inspirações do fazer em se fazendo, e ao mesmo tempo construindo outras formas de exercer sua função social.

                   São questionamentos como esses, que devemos argumentar (com a equipe gestora, os docentes, discentes, funcionários, merendeiras, prestadores de serviços, supervisores de ensino, diretorias, e outras parcerias), se quisermos construir uma escola fundamentada e preocupada com a formação de nossos jovens e professores para atuar na escola do futuro, porque atualmente observa-se um distanciamento muito grande entre esses seguimentos.

                 A escola não pode ser uma ilha cercada de pessoas por todos os lados, mas sim, a combinação de todos os envolvidos na busca de conquistar o mesmo objetivo em comum: formar cidadãos com condições de seguir avante ao encontro de seus ideais sem contar com o assistencialismo patriarcal, político ou social, mas, com poder (do uso da palavra) de crítica, e reflexão para agir e interagir com o mundo com vistas a melhorá-lo e modificá-lo, garantindo a própria continuidade da espécie humana, sabendo respeitar as pessoas, o meio ambiente, os fatores geográficos, administrar politicamente a logística reversa, a estabilidade e equilíbrio dos recursos naturais, a sustentabilidade e gestão de seus descartes sem prejudicar a vida no planeta.


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