A publicação da Psicogênese da Língua Escrita (1999) teve grande impacto na compreensão do processo de alfabetização, porque as autoras evidenciaram que a aprendizagem da leitura e da escrita não se restringe a um conjunto de técnicas percepto-motoras, não depende apenas da motivação dos alunos e nem da quantidade de exercícios realizados dentro e fora da sala de aula. Para Emília Ferreiro e Ana Teberosky, o processo de alfabetização é uma construção contínua de conceitos, de conhecimentos, que se inserem dentro de contextos complexos.
As autoras buscaram analisar o mecanismo da aquisição da linguagem a partir das pesquisas de Jean Piaget, que colocam a criança como sujeito cognoscente, ou seja, um sujeito que pensa, que elabora hipóteses sobre o modo e o funcionamento da escrita, que se esforça por compreender para que serve e como se constitui esse objeto. A escrita passa a ser vista, pois, como objeto sociocultural do conhecimento.
O processo de aprendizagem da leitura e da escrita e, segundo as autoras, de
evolução da escrita e passa por níveis de conceitualização, os quais revelam as hipóteses construídas pelas crianças. Tais níveis ou períodos, como observam as autoras, não são fixos, mas revelam o desenvolvimento cognitivo do aluno, que pode, por exemplo, estar numa determinada hipótese, mas ainda mesclar conceitos do nível anterior.
evolução da escrita e passa por níveis de conceitualização, os quais revelam as hipóteses construídas pelas crianças. Tais níveis ou períodos, como observam as autoras, não são fixos, mas revelam o desenvolvimento cognitivo do aluno, que pode, por exemplo, estar numa determinada hipótese, mas ainda mesclar conceitos do nível anterior.
A transposição de um “período” a outro implica em inúmeros conflitos, que devem ser valorizados pelos professores e pelos alunos, a fim de que os processos de ensino e de aprendizagem se realizem plenamente.
PROPOSTA DE ATIVIDADE DISSERTATIVA
1- Explique os quatro “períodos” (pré-silábico, silábico, silábico-alfabético e alfabético) por que passam as crianças e comente a importância da sondagem diagnóstica nesse processo.
RESPOSTA:
Devido á relevância do tema e assunto da questão solicitada optamos por iniciar a dissertação abordando sobre o processo de sondagem das hipóteses de Escrita.
A primeira sondagem deve ser efetuada logo no início do período letivo e, depois, ao fim de cada bimestre, mantendo um registro criterioso do processo de evolução das hipóteses de escrita das crianças e ao mesmo tempo, além de além de importantíssima, tal prática propicia uma observação cotidiana e atenta do percurso dos alunos.
E como esse processo é dinâmico e na maioria das vezes evolui muito rapidamente, pode acontecer de, apenas alguns dias depois da sondagem, um ou vários alunos terem dado um salto.
O professor deve realizar também; as sondagens bimestrais, pois elas são muito importantes por representarem dispositivos de acompanhamento das aprendizagens para os pais, bem como um retrato da qualidade do ensino para as redes, que podem ajustar seus programas de formação continuada de professores em regiões onde os resultados mostram que os estudantes não estão evoluindo da maneira desejada.
As autoras, Ferreiro e Teberosky observaram que, na tentativa de compreender o funcionamento da escrita, as crianças elaboram verdadeiras "teorias" explicativas que assim se desenvolvem: a pré-silábica, a silábica, a silábico-alfabética e a alfabética. São as chamadas hipóteses de Escrita.
1-Na fase inicial, ou o Nível Pré- Silábico: As crianças ou Adultos que estão na Hipótese de Escrita Pré-Silábica não percebem a escrita ainda como uma representação da linguagem oral, do falado. Para escrever, elas utilizam letras aleatórias (geralmente presentes em seu próprio nome) e sem uma quantidade definida.
2- Na Hipótese Silábica:
O aluno começa a atribuir a cada parte do falado (a sílaba oral) uma grafia, ou seja, uma letra escrita. A Hipótese Silábica pode ser dividida em dois níveis, ou seja; apresenta duas etapas:
2.1-Silábico sem valor sonoro, em que a criança representa cada sílaba por uma única letra qualquer, sem relação com os sons que ela representa;
2.1.2-Silábico com valor sonoro, há um avanço e cada sílaba é representada por uma vogal ou consoante que expressa o seu som correspondente.
3-“ A Hipótese Silábico-Alfabética: Essa etapa do processo de alfabetização corresponde a um período de transição no qual a criança trabalha simultaneamente com duas hipóteses: a silábica e a alfabética.
Na Hipótese Silábico-Alfabética, há um período de transição em que a criança trabalhará ao mesmo tempo com duas hipóteses: a silábica e a alfabética. "Nesse estágio, os alunos ainda apresentam erros ortográficos, mas já conseguem entender a lógica do funcionamento do sistema de escrita alfabético"
4- HIPÓTESE DE ESCRITA ALFABÉTICA
Essa etapa constitui o período de glórias a todo mestre, pois é a melhor gratificação do nosso trabalho, pois nesse momento a criança ou o adulto já escreve atribuindo a cada sílaba uma letra, ora representando as unidades sonoras menores, os fonemas. Quando a escrita representa cada fonema com uma letra, diz-se que a criança se encontra na hipótese alfabética, ou dizendo de outra forma, ela estará pronta para o pleno desenvolvimento do letramento cultural e social.
PROCESSO DE SONDAGEM DE HIPÓTESES DE ESCRITA
Investigação individual
O ideal é que o professor realize a sondagem por meio de atividade feita individualmente, deverá chamar um aluno por vez.
O aluno deve tentar escrever algumas palavras, e uma frase que são ditadas pelo mestre. O ditado deve ser iniciado por uma palavra polissílaba, seguida de uma trissílaba, de uma dissílaba.
Acreditamos que essa prática produz melhores resultados quando os demais alunos da classe estão envolvidos com atividades diversificadas em que não seja necessária a ajuda do professor, a um exemplo, as atividades lúdicas e compartilhadas são bem estimulantes aos voluntários e líderes de cada equipe.
De posse dos registros, o professor poderá analisar as atividades, com muita responsabilidade e profissionalismo, a situação de cada aluno, identificando e pontuando os procedimentos necessários que ele ainda deverá realizar, retomar, ou diversificar adequando-as ás intervenções cuja finalidade seja garantir a todos iguais condições á compreensão do sistema de escrita e sua funcionalidade.
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