A palavra “bullying” não
pertence ao vocabulário da Língua Portuguesa, tem suas raízes e origem na
Língua Inglesa, e até o presente momento não há registros de sua ligação com a
nossa língua que possa oferecer-nos uma tradução no seu sentido literal. A
palavra descende do vocábulo inglês: ”to bully”, que significa agredir,
intimidar, atacar.
De acordo com FANTE (2003), não
se trata de um episódio esporádico, mas de um fenômeno violento que se dá em
todas as escolas e que propicia uma vida de sofrimento para uns e para outros,
simples conformismo da situação.
Os danos físicos, morais e
materiais, os insultos, os apelidos cruéis, as gozações que magoam
profundamente, as ameaças, as acusações injustas e a atuação de grupos
hostilizam a vida de muitos alunos, levando-os à exclusão social, porque esses
não se enquadram em determinado padrão físico, comportamental ou ideológico.
Outras vezes pode ocorrer sob um prisma
inverso, o bullying pode trazer à tona a dificuldade do sujeito ou de seu grupo
em se relacionar e conviver com valores e características pessoais diferentes
das suas, o que acaba configurando as incivilidades.
Observações e discussões acerca
do comportamento de professores e alunos, realizadas por Nogueira (2007);
possibilitaram a identificação de três tipos de atores envolvidos no bullying:
o espectador, a vítima e o agressor. O primeiro é aquele que presencia as
situações de violência e não interfere, ou porque tem medo de também ser
atingido, ou porque sente certo prazer com o sofrimento da vítima.
Entretanto muitos professores não conseguem
perceber quando pequenas brincadeiras, apelidos, ou outros tipos de atitudes
inadequadas dentro do contexto da sala de aula, já ultrapassaram a fronteira do
limite de respeito pela pessoa humana, seja por desconhecer o assunto ou até
mesmo por negligência, preferem não interferir, passando o caso adiante.
Outros casos de desrespeito comuns nos dias
atuais são os casos de cyberbullying, ou seja, atos de falta de respeito com
colegas, não somente entre alunos da sala de aula, mas também, entre outros
seguimentos da sociedade, em relação a postagens de fotos obscenas por foto
shop, arquivos extraídos do facebook, stagram, entre outras redes sociais.
Seus opressores agem de maneira tão cruel que
podem até fazer com que a pessoa seja levada ao suicídio. É exatamente aí que
reside o perigo, pois a vítima sente-se coagida, indefesa, e sem coragem para
expor o fato, pois os covardes continuarão a fazer novas vítimas.
Acreditamos que cabe ao professor um olhar mais
atento aos seus discentes e registrar esses casos de alunos que em geral são
muito tímidos, agitados demais, não conseguem formular um discurso claro,
conciso e objetivo sem gaguejar, pois eles tremem tanto que, uma simples folha
de papel em suas mãos para uma atividade de leitura em voz alta, pode causar as
mais diversas sensações possíveis e imaginárias. Nesses casos várias práticas pedagógicas
baseadas em dinâmicas de grupos envolvendo os temas transversais podem auxiliar
o docente.
Contudo, se o caso for adiante, é preciso que
outras medidas sejam tomadas, principalmente se o agressor não manifestar
qualquer arrependimento diante do fato e persistir na ação do bullying. Segundo
pesquisa realizada pela ABRAPIA no ano de 2003, a maioria das agressões ocorreu
no interior da sala de aula na presença do professor. (SIQUEIRA, 2003).
Portanto,
quanto mais cedo o caso for detectado mais rápido soluções podem ser tomadas,
por isso é fundamental o professor buscar ajuda do coordenador da escola a fim
de observar se existe a possibilidade de um trabalho em conjunto com os demais
professores da sala, os pais e os alunos, sob a orientação de um psicopedagogo
a fim de buscar medidas legais e cabíveis para o problema, inclusive detectar
outros diagnósticos que possam estar embutidos no comportamento “fora dos
padrões sociais”.
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