“LITERATURA: CONCEITOS, REFLEXÕES E ABORDAGEM DE ENSINO”
A literatura é a arte de expressar a vida em sociedade, e a interpretação que essa sociedade tem em relação ao mundo, estabelecendo um diálogo constante a partir da leitura de mundo e a análise que fazemos de um determinado objeto, numa determinada época, contexto social, local, estado psicológico/ emocional, entre outros aspectos.
A literatura também é uma
manifestação artística e como arte sua matéria prima é a maneira como
utilizamos as palavras (seleção, organização, sonorização, manipulação, etc.)
dando forma e vida ao texto pelo qual enxergamos a vida; exercendo o domínio de
adentrar no mais íntimo do nosso ser e provocar profundas mudanças
comportamentais, sentimentais, sociais, políticas, enfim ela consegue
ultrapassar os limites da razão e ir além da nossa imaginação tornando o que
para muitos é impossível em possibilidades reais.
Na produção de um texto literário,
o escritor se deixa envolver, pelo real, imaginário, o presente, o passado, o
futuro, pela beleza das palavras e vai articulando-as aqui e ali explorando os
níveis semântico, fonético e sintático, afim de que essas venham produzir o
efeito de sentido desejado para dar significado ao leitor desejado ou
imaginado.
Tal complexidade de definições para
a palavra literatura, não consiste numa tarefa tão complicada e nem tão fácil
assim para ser ensinada aos alunos. O professor deve primeiramente ser um bom
leitor (ele precisa gostar de ler e saber ler para seus alunos), precisa também
exercitar o poder da sedução, da imaginação, do gostinho do “quero mais” para
que seus alunos se identifiquem com o texto abordado, ou seja; o texto tem que
exercer uma significação para o aluno, para que ele não se sinta obrigado a
ler, mas que essa leitura seja prazerosa, incansável e desejada.
Antes de selecionar ou indicar a
leitura de clássicos literários temos que ter em mente que os textos literários
podem ser comparados a uma obra abstrata podendo ter inúmeras interpretações,
devemos ter conhecimento sobre os títulos/ temas (obras e autores) sugeridos,
para que possamos dialogar com os alunos, autores, texto, personagens, o
contexto social, características da obra, temas abordados pelos autores, a
biografia do autor, a linguagem utilizada em suas obras, enfim uma série de
elementos que poderão ser utilizados como provocação (não memorização de
estilos de épocas, sem acrescentar um significado) durante uma aula de leitura
e provavelmente possibilitarão o estímulo à leitura e encontrar novas
descobertas sobre as obras/ personagens tanto para o aluno quanto para o
professor.
Sabendo-se que as aulas de
literatura devem ter como função principal o estudo da própria literatura, o
professor deve centrar suas preocupações pedagógicas nesse sentido, para com os
estudos das obras literárias, situando-as a cada momento da vida escolar do
aluno (por exemplo: não há sentido em solicitar a leitura de “Memórias Póstumas
de Brás Cubas” para alunos do sexto ano, pois não há consonância entre os
aspectos linguísticos/ textuais da obra com o currículo da série em questão),
criando estímulos na apresentação de uma determinada obra literária e deixar
que seus alunos possam ter a liberdade de escolher a leitura com a qual o aluno
identifique-se, se encontre enquanto leitor, ou dizendo de outro modo; como
defende Todorov (1969), “permitir que o aluno encontre um sentido para sua vida nas
obras que lê, ou seja, que estabeleça relações com o mundo, com o contexto
social, cultural, que permita questionar o mundo e se questionar, para que
possa buscar suas respostas”.
Assim sendo, uma vez conquistada
a função leitor, com a mediação do professor na seleção dos clássicos
literários adequados a faixa etária/nível/ciclo, os alunos por si só vão
aprendendo a direcionar suas leituras para os clássicos literários e tomarão posse
dos legados constituídos por grandes célebres da nossa história literária.
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