Translate

10 de outubro de 2014

PROCEDIMENTOS DE LEITURA UTILIZADOS PARA AQUISIÇÃO DE NOVOS VOCÁBULOS



 PROCEDIMENTOS DE LEITURA UTILIZADOS PARA AQUISIÇÃO DE NOVOS VOCÁBULOS

Os vocábulos de uma língua se organizam em grandes conjuntos, segundo diferentes critérios: formais (fônicos ou morfológicos) e semânticos. O estudo dos campos associativos partindo de um vocábulo foi analisado por Saussure; para ele, "Um termo dado é como o centro de uma constelação, o ponto onde convergem outros termos coordenados, cuja soma é indefinida". Um campo associativo é formado por uma rede de associações por semelhanças, por contiguidade e é extremamente aberto, pois as associações não têm limites.

O exercício da leitura não é uma tarefa fácil, requer do leitor uma ativação da memória linguística em relação ao que está sendo exposto e não é somente isso, outros mecanismos devem ser considerados para que o leitor esteja em interação com o autor do texto, a um bom exemplo, podemos citar a significação, pois a partir da necessidade de utilização desenvolve-se o interesse (KLEIMAN, 1999). Para qual finalidade o texto ou a apreensão de um novo vocábulo deve ser apresentado ao aluno?  Onde o aluno poderá utilizar a nova palavra apresentada? Qual relação existe entre o significado da palavra e o significado de mundo do aluno?  Os textos apresentados aos alunos oferecem os subsídios necessários à compreensão global do vocabulário (decodificação de signos, interpretação de itens lexicais e gramaticais, agrupamentos de blocos conceituais, identificação de palavras-chave, seleção e hierarquização de ideias, associação com informações anteriores, antecipação de informações, elaboração de hipóteses, construção de inferências, compreensão de pressupostos, controle da velocidade, focalização da atenção, avaliação do processo realizado e reorientação dos próprios procedimentos mentais utilizados)?

Essas questões devem ser pontuadas e analisadas pelo professor de Língua Portuguesa em estratégias de leitura como prática ou intervenção didática voltada para ampliação do vocabulário, pois só terão significados para o aluno se houver uma contextualização do novo vocábulo ensinado ao seu universo cultural. Para tal essas estratégias devem garantir que o aluno seja capaz de relacionar o seu conhecimento de mundo ao conhecimento exigido e utilizado pelo autor do texto, são determinadas por ações que o professor deve realizar para ativação dos conhecimentos prévios, ou seja, auxiliar o aluno na recuperação de informações possibilitando-lhe realizar o levantamento de hipóteses acerca do assunto abordado.

Outro ponto importante a ser destacado no planejamento efetuado pelo professor em situações de aprendizagens envolvendo estratégias de leitura é a seleção dos textos que serão utilizados, ou dizendo de outra forma, textos que favorecem a predição ou antecipação de temas ou as formas de texto que serão explorados. Nesse quesito o ideal é que essas estratégias sejam elaboradas visando à exposição dos alunos aos vários gêneros textuais (MARCUSCHI 2007), pois as palavras não são estáticas elas exercem diferentes valores e significados de acordo com o local social onde são veiculadas, e a partir daí é possível que o aluno reconheça a finalidade do gênero apresentado, a esfera de comunicação a qual ele pertence, em que meio social está veiculado, contribuindo assim à predição de ideias do que será apresentado no texto e ao mesmo tempo corroboram para a realização de inferências contidas no texto seja de forma implícita ou explícita.  

Ao elaborar estratégias de leitura destinadas a aquisição de novos vocábulos pelos discentes é fundamental que o professor além de observar os expostos acima, também tenha pleno domínio sobre o assunto do texto que será abordado em sala de aula. Para tal deverá efetuar uma seleção de títulos, temas e tipologias verificando qual ou quais serão mais adequados aos seus propósitos de ensino, considerando o perfil da classe, o nível de maturidade, o conhecimento de mundo e a relação existente entre o texto/vocabulário com seu alunado. Situações de aprendizagem envolvendo os alunos à construção de frases ou pequenos parágrafos de forma autônoma, mesclando diferentes gêneros e finalidades, a reescrita de parágrafos, construção de textos, caça palavras, construção de sinônimos, bingo de palavras, palavras cruzadas, motivação e indicações de livros diversos ou avaliações dissertativas onde é possível diagnosticar o nível vocabular do aluno também constituem excelentes práticas pedagógicas.

Assim sendo, urge a necessidade do professor de Língua Portuguesa priorizar em suas aulas, práticas didáticas destinadas à aplicação de estratégias de leituras em todas as séries e níveis de aprendizagem, compreendendo que a leitura constitui uma atividade muito interativa, altamente complexa na produção de sentidos (que são realizados para além dos parâmetros textuais) cuja compreensão requer também a ativação e mobilização de um conjunto de diversos saberes adquiridos para recuperação de informações e conhecimentos prévios; entendendo também, a importância de incentivar e cultivar o hábito de leitura em seus alunos, pois a aquisição do letramento no seu sentido global é alcançada quando o indivíduo possuir competências e habilidades linguísticas para fazer uso das palavras em diversos contextos de produção ou situações de comunicação. Caso contrário, a apresentação de um novo vocábulo ao aluno será apenas uma informação a mais, porém não fará parte de seu repertório linguístico porque não houve relação ou significação entre a palavra e seu contexto de mundo.  

Referências Bibliográficas

KLEIMAN, A. Texto & Leitor - Aspectos cognitivos da leitura. Campinas: Pontes, 1999.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, Ângela P., MACHADO, Anna R, BEZERRA, Maria A; (orgs.). Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007.

SAUSSURE, F. Curso de Linguística Geral. São Paulo: Ed. Cultrix, 1.975.